terça-feira, 1 de outubro de 2013

Pathfinder em Português Virá Pela Devir

Esta é a notícia está fervendo nos sites e blogs de RPG nacionais desde a semana passada: Pathfinder será publicado no Brasil pela Devir Livraria! Agora já é quase “notícia velha”, eu deveria ter falado isso na semana passada, mas com o problema da internet, não deu. Mesmo assim, ainda há algumas coisas a serem ditas.

No inicio do ano eu já havia postado aqui a notícia de que alguma editora estava negociando desde o final de 2012 uma licença de tradução para o português do sistema. Curiosamente, apesar de ser informação oficial de fonte confiável, muita gente ainda continuava tratando o assunto como boato.

No início eu duvidava que o jogo viesse pela Devir, já que trata-se de um concorrente direto do D&D, o qual a licença pertence à editora. Mas esse panorama mudou quando foi anunciado no início de Junho que a Devir Espanha publicaria o Pathfinder em espanhol.

A explicação para tal decisão é que a Wizards of the Coast à época não possuía previsão de lançamento para o D&D Next, e além disso, proibira a publicação de novos materias do D&D 4ªed. Portanto, era lógico encontrar um substituto para este nicho de mercado, ao menos até o lançamento da nova edição do D&D.

PathfinderPois bem, a publicação pela Devir já passava a ser uma possibilidade crível, quando então foi anunciado que realmente seria eles a publicar o jogo, e até foi criada uma página no Facebook para acompanhar a tradução e postar novidades (página esta que, convenhamos, anda meio morta).

Segundo a página, a equipe que levará à cabo o trabalho de tradução é composta por 3 pessoas:

Editor: Otávio A. Gonçalves (editor de D&D 4ªed, e de GURPS entre Abril de 2010 e Novembro de 2011; tradutor de Vampiro: a Máscara, Guia da Camarilla, Guia do Sabá, Mago: a Ascensão, entre outros).

Coordenador de Tradução: Leandro Lima Rodrigues (tradutor de D&D 3.X, Forgotten Realms e D&D 4ªed. Edição, entre outros).

Diagramador: Vitor Yamana (diagramador de D&D 4a. Edição e de GURPS entre Abril de 2010 e Novembro de 2011).

E tendo apresentado os fatos, é aqui que eu começo a análise da situação.

Mal foi anunciada a tradução pela Devir, começaram as reclamações e especulações.

As principais reclamações seriam quanto à qualidade da versão nacional, e sobre o suporte que a Devir dará à linha. Reclamações estas que eu entendo perfeitamente. No quesito tradução, desde o velho Mundo das Trevas que alguns dos trabalhos de tradução da Devir são sofríveis (o Lobisomem: o Apocalipse era MUITO ruim). Não bastando os trabalhos meramente ruins, há ainda as opções de tradução no mínimo duvidosas do D&D 3.0 e 3.5.

E no que diz respeito ao suporte à linha, vários são os jogos que a Devir possui a licença mas não presta o devido suporte: Castelo Falkenstein, GURPS 4ªed, Shadowrun, Paranóia, só pra citar alguns.

O GURPS 4ªed inclusive é um bom exemplo do porque do medo de alguns: o livro ficou com vários problemas de typo, a opção pelo preto e branco ficou feia, teve anos de atraso para ser publicado, e até agora, após 3 anos da publicação do básico, ainda não há nenhum suplemento traduzido. Eu era um que esperava ansiosamente por essa tradução, mas demorou tanto que acabei comprando os originais. E quer saber? Ainda bem!

Mesmo as linhas que possuem um suporte maior, como o D&D, amargam grandes atrasos na publicação dos livros em relação aos lançamentos originais. E nem todo mundo está disposto a esperar vários anos até o livro que quer usar ser publicado em português.

Mas talvez o grande problema seja que a comunicação entre a Devir e seu cliente é inexistente, e seu serviço de marketing é quase tão ruim quanto. É bem preocupante que, a tradução já tendo sido anunciada no Facebook, não haja nada a respeito na página da Devir. A editora não deveria estar tentando atrair a atenção do público para o produto nesse meio tempo? Um cronograma de lançamentos talvez ser anunciado?

Falando em cronogramas, vamos falar da Devir Espanha. A filial espanhola da editora anunciou o cronograma, junto com o anuncio da tradução: o livro básico em Dezembro, e então o Bestiário 1 e o Guia do Mundo do Mar Interior a seguir, seguidos pelos Adventure Paths na ordem de publicação original, todos estes um livro por mês. Outros livros “básicos” deverão ser lançados intercalados a cada três meses. Esse tipo de informação dá um grande conforto ao cliente.

E se o que foi anunciado pela Devir Espanha for algum reflexo do que a Devir Brasil planeja, é um bom sinal. Mas será que a editora daqui conseguiria manter essa taxa de um livro publicado por mês? Até porque, os Adventure Paths, que são um dos grandes chamarizes do Pathfinder são completamente inúteis se não forem publicados neste modelo de livros mensais (como seguir com a campanha se o próximo capítulo ainda não foi publicado?).

Como não foi dada publicidade a nenhum cronograma, e a tradução parece ter começado agora, muitos especulam que o livro em português será lançado ano que vem, durante o EIRPG (ou seja, em Junho). Se isso for verdade, mostra a falta de timing da Devir Brasil ao decidir o momento de publicar o Pathfinder: quando tivermos o livro básico publicado, a filial espanhola já terá 7 livros lançados. Pior ainda, na GenCon desse ano a WotC anunciou quando o D&D Next deverá ser lançado: na GenCon do ano que vem, em Julho.

Isso faria com que o Pathfinder brasileiro fosse lançado quase juntamente com a próxima edição do D&D. Será que a Devir agarraria esta edição do D&D tão cedo, para começar a trabalhar em seu lançamento antes de uma nova linha, concorrente direta, ter sequer dado tempo de gerar retorno? Pois é, talvez o Pathfinder acabe por ser responsável por um atraso da versão brasileira do próximo D&D.

Ah, mas tem gente que aposta que a Devir vai lançar o Pathfinder porque decidiu não apostar mais no D&D. Bem, novamente, se a Devir Espanha é um reflexo das escolhas da empresa, a Devir deverá continuar com seus outros dois jogos de fantasia medieval (D&D e O Um Anel).

E com tudo isso quero dizer o quê? Que acho a publicação do Pathfinder ruim? Que preferia que não fosse pela Devir? Nada disso, nem uma coisa, nem outra.

Acho a publicação do Pathfinder em português muito boa. Há alguns livros do Pathfinder que eu gostaria bastante de possuir (os que fazem releituras de monstros, especificamente), e se puder comprá-los sem precisar importar ou pagar frete, tanto melhor. Além disso, o jogo preenche um nicho importante, o dos jogadores órfãos do D&D 3.5, e assim, poderia trazer alguns jogadores de volta, e porquê não, criar alguns novos. Afinal, qualquer novo jogo é importante para fortalecer o mercado de RPG no país.

E acho mesmo que, na situação atual, apenas a Devir teria a estrutura para publicar o Pathfinder no país, logo ela é provavelmente a melhor opção para nos trazer o jogo.

Desejo mesmo sorte para a Devir com este projeto, mas desejo também que ela o faça direito. Que dê o devido suporte e atenção à linha e aos fãs deste jogo. Que demonstre mais cuidado do que foi despendido com algumas outras linhas. E que não relegue o D&D Next a segundo plano por causa do Pathfinder, e vice-versa (mesmo eu não tendo gostado muito nem de um, nem de outro).

Mas, no momento, tudo o que resta, é esperar e ver o que acontece. E torcer para que algo melhore.

6 comentários:

  1. Concordo com tudo que foi dito! Minha linha de pensamentos segue exatamente a mesma da sua, deste o primeiro anuncio da Paizo sobre o licenciamento.

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  2. Eu também gostei da notícia da publicação, mas não confio nem um pouco com a Devir. Toda vez que ela começa com uma linha nova de publicações em RPG é uma coisa inacabada. Começou a publicar o D&D Essentials, publicou a caixa básica, disseram que os outros suplementos estavam sendo finalizados e até hoje nada. Começaram o Um Anel, publicaram o livro básico, anunciaram que o escudo do mestre iria ser publicado e até agora nada. Gostaria muito que essa empreitada do Pathfinder desse certo, mas acho muito difícil.

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  3. Ótimo post Sartora... Mas eu gostaria de ver a licença do Pathfinder nas mãos de outra editora. Como você mesmo falou, a Devir tem tantas boas licenças que não aproveita de maneira apropriada, que seria salutar que outra editora assumisse o Pathfinder. Agora, vamos ter dentro da Devir outra licença para "competir" com as outras que já não tem a devida atenção. Ou seja, vamos ter licenças canibalizando umas as outras na Devir.

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  4. Concordo em gênero, número e grau!

    Como algumas pessoas já comentaram no Facebook: não é que eu queira ver a Devir falir, claro que eu prefiro que o trabalho dela seja espetacular, que comece a lançar bons produtos, dê atenção aos produtos que já tem (principalmente o GURPS), etc, etc, etc... Mas do jeito que ela está hoje, se ela falir, não vai me deixar nenhuma saudade. Infelizmente.

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  5. Quando ouvi a noticia q a devir vai traduzir o pathfinder, ja pensava desse jeito tbm. quanto as licenças Castelo Falkenstein, Shadowrun, Paranóia na minha opinião as licenças já devem ter expirado pois nunca publicaram suplementos e vários deles estão esgotados a muitos anos. vendo de fora tenho a impressão que quem gere a linha de rpg da Devir Brasil faz as coisas na base do achismo, vale lembrar tbm q apesar de a Devir Espanha ser a filial ela supera em muito a matrize que a Devir compra licenças mas nem sempre coloca o livro no mercado. apenas a titulo de comparação o munchkin da devir teve so uma tiragem e na galapagos games o jogo é um sucesso

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    Respostas
    1. Shadowrun e Paranoia, de fato não sei se ainda possuem a licença, mas as tiveram por muito tempo e não lançaram nada.

      Castle Falkenstein, no entanto, eles inclusive anunciaram a renovação da licença.

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